Título Original: Boven is het stil
Ano do lançamento: 2013
Produção: Holanda
Gênero: Drama
Direção: Nanouk Leopold
Roteiro: Nanouk Leopold
Quando acabei de
assistir "Tudo é Tão Calmo", fiquei parado na frente da minha TV,
tentando descobrir se tinha amado ou odiado o filme. Tomado por uma
lentidão fora do comum, a história não narra muita coisa, mas
revela muito mais do que imaginamos num primeiro momento.
A cineasta NanoukLeopold nos apresenta Helmer, homem de aproximadamente 50 anos
(Jeroen Willems, que faleceu pouco antes da estreia do drama e era homossexual assumido) e seu velho e frágil pai (Henri Garcin), de quem
cuida, dá banho e alimenta. Eles, no entanto, não mantêm uma
relação muito afetuosa devido a algo ocorrido no passado. Para o
filho, tais tarefas são totalmente desagradáveis. Deseja que o
ancião morra logo, e por diversas vezes deita ao seu lado e o
assiste dormindo, verificando a forma como respira, SE respira.
Querendo deixar o pai o mais distante possível dos seus olhos, o
acomoda no quarto de cima da casa, lhe fazendo visitas somente nas horas das
refeições ou para perguntar se deseja algo. O velho não consegue se
levantar, fica todo o tempo na cama.
Vivem em uma espécie
de sítio exilado de tudo, onde Helmer é dono de 30 vacas e algumas
ovelhas. Recebe quase todos os dias a visita de um leiteiro que sente
atração por ele. Em nenhum momento consegue dizer sobre seu interesse a Helmer, mas a
forma como se aproxima e olha para o outro deixa tudo explicado nas entrelinhas. Aliás, a
película tem pouquíssimas falas. As que existem não revelam muita
coisa, a informação necessária está mesmo nas ações. São pessoas que não
conseguem se expressar, e, quando quase tomam coragem para fazê-lo,
desistem da iniciativa em cima da hora. O jogo se firma na maneira como
se olham, nos risinhos tímidos, nessa aflição tão intensa que
chega a transbordar – o trabalho de interiorização dos atores é
algo incrível e com certeza o ponto forte da exibição. É tudo tão
presente que um simples gesto se torna forte, grandioso.
Certo dia, um jovem
chamado Henk (Martinjn Lakemeier) surge e pede por emprego. Helmer o
abriga, mas mais uma vez a comunicação entre os personagens fica pendente. Mal “bom
dia” trocam, se dirigindo rapidamente aos seus afazeres. Ao término da jornada de trabalho, se recolhem, cada um para seu quarto, e se despedem com um curto “boa
noite”. A cena mais bonita de todo o filme na minha opinião, por assim dizer,
acontece entre os dois. Não direi qual é aqui para não estragar a
surpresa, mas vocês saberão quando assistirem. Trata-se de algo
delicado e angustiante, de apertar o coração do público.
Durante todo o filme, a
palidez das cores predomina. A solidão é muito bem retratada nos
tons pálidos, nos nevoeiros e serenos campestres, na brisa vagarosa
que embala a plantação âmbar-sufocante promovida por um sol igualmente acanhado. Na última cena, o astro-rei
invade novamente a tela, mas modificado, revelando um suposto dia firme. A timidez permanece lá, mas o sorriso dessa vez é um
pouco mais aberto e direto.
Quero ver... Lindo e magnifico texto!! Estou amando seu blog....
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