terça-feira, 6 de maio de 2014

QUEDA LIVRE (Freier Fall, 2013)


Título Original: Freier Fall
Título no Brasil: Queda Livre
Ano de Lançamento: 2013
Direção: Stephan Lacant
Duração: 97 minutos   
Classificação: 18 anos
Gênero: Drama
Países de Origem: Alemanha

Os filmes de temática homossexual crescem mais a cada dia, mas poucos conseguem sair do clichê erótico. A história é quase sempre a mesma: dois rapazes, envolvidos em atividades extremamente másculas, vão adentrando em um jogo de sedução. O primeiro, já manjado e familiarizado com o ambiente gay, na maioria das vezes muito bem resolvido; o segundo, um pai de família que se vê perdido com as novas descobertas que o atormentam. Além das sombras internas que precisa lidar durante toda a história, ainda há o julgamento dos amigos, colegas e familiares.
O roteiro te soa familiar? Há quem diga que Queda Livre é uma resposta alemã para O Segredo de BrokebackMountain - que também poderia se chamar tranquilamente Queda Livre, por que não? Os mesmos conflitos, o mesmo penhasco de emoções, a mesma desestruturação. Os protagonistas são diferentes, mas também esplendorosamente belos. Mesmo se compararmos as duas histórias, chegaremos a conclusão que, no íntimo, nas entranhas, pouca coisa mudou desde os anos 60 para cá.
No entanto, o filme consegue ser delicado e forte em alguns momentos. Como na cena do chuveiro entre Marc (Hanno Koffler) e sua mulher Bettina (Katharina Schüttler), ou entre o mesmo e um companheiro de profissão, homofóbico e inconformado por dividir espaço com gays na corporação, no vestiário. A película nos levanta as mesmas questões de sempre: por que deveria alguém sentir raiva de um homossexual de forma tão doentia? No que isso implicaria?
Marc precisa lutar entre a vergonha, a confusão mental, o preconceito e o desejo que sente. Ele reluta, mas não resiste às suas tentações, sentindo raiva dele mesmo e de Kay (Max Riemelt), por ter despertado isso nele. 
Como uma vida sem muitos conflitos pode virar de cabeça para baixo de repente, devido a um instinto incontrolável? Em que lugar se segurar quando se encontra assim, caindo em algo sem volta, quando todos retiram as mãos e só resta você no abismo? Às vezes, porém, é preciso "morrer" para nascer mais forte.
Freier Fall ganha pontos por possuir um ótimo elenco, que se entrega com garra aos seus papéis, e uma linda fotografia que enaltece esse drama de amor proibido em tons pálidos e nevoeiros que se misturam com a cabeça cheia de dúvidas do protagonista. Muitos silêncios e pensamentos não compartilhados de personagens complexos e bem construídos dão vigor a obra, tornando-a de certo modo diferenciada.

Merece ser visto, mesmo que seja muitas vezes algo familiar aos nossos olhos.

NOTA DO CLUBE: 7,5.




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