quarta-feira, 21 de maio de 2014

COMPLIANCE (2012)


Título: Compliance (Original)  
Ano de produção: 2012
Direção: Craig Zobel
Duração: 90 minutos
Países de Origem: Estados Unidos

"Compliance" (Obediência, em tradução livre) conta a história de Sandra (Ann Dowd), uma gerente ocupadíssima de um fast food de uma cidade americana qualquer, e de sua funcionária Becky (Dreama Walker), acusada de roubar dinheiro da bolsa de uma cliente. Até agora nada surpreendente, a não ser por um detalhe: a investigação é feita via telefone por uma voz masculina que alega ser agente policial e que se denomina Officer Daniels (Pat Healy), chefe de um determinado departamento de busca. A ligação resulta em um procedimento um tanto incomum. A voz ordena que Sandra mantenha a atendente presa até a chegada da viatura,  mas que isso poderá demorar um pouco devido a grande movimentação de uma sexta à noite. Não apenas isso, mas também terá que fazer, junto com outros membros da equipe, uma série de pesquisas – que, mais tarde, levarão a atos de violência psicológica e física.
Recentemente, na Itália, foi difundido um vírus de computador muito interessante. Pois bem, alguns pobres infelizes impulsivamente abriram o e-mail que tinha no remetente o endereço de um conhecido. Ao darem play em um vídeo, as vítimas se deparavam com um conteúdo pornográfico. Imediatamente uma imagem surgia na tela, dizendo que eles haviam entrado em um programa de vigilância da polícia por posse de pornografia infantil. Se eles desejassem "limpar" o registro criminal, teriam de pagar uma multa e depositar o dinheiro em uma conta-corrente específica. Muitos de vocês podem estar rindo e pensando: "Mas que tipo de idiota cairia numa brincadeira dessas?". No entanto, centenas de “idiotas” seguiram as instruções da mensagem até o final.
Compliance", escrito e dirigido por Craig Zobel, fala exatamente disso: como a repressão de uma autoridade pode nos impulsionar a realizarmos ações que nunca iríamos executar perante um raciocínio lógico. É inspirado num acontecimento verídico ocorrido nos EUA, onde um homem ligava dando trotes em diversas franquias.
O filme começa a partir desta reconstrução e perturba muito porque coloca o espectador diante de um fato: Como uma pessoa é capaz de cair em tal golpe? Como é possível que ninguém tenha percebido que as ordens vindas da falsa polícia eram absurdas? "Compliance" incomoda porque nos faz tremer o tempo todo enquanto Becky é abusada e humilhada dentro de um pequeno depósito, obedecendo as ordens de Sandra que fora tomada pela credibilidade e calma daquelas palavras surgidas do aparelho telefônico. Os outros funcionários, aliás, dão apoio e seguem também os comandos de Daniels. Lhe batem na cara, a obrigam a fazer polichinelos e, no momento mais perturbador da película, o noivo da gerente – que não trabalha no restaurante, mas é chamado para ajudar - força Becky a fazer sexo oral nele. No outro lado da linha, o pervertido se delicia.
O filme nos alerta sobre uma sociedade dominada pelo medo e ignorância, incapaz de perceber o que está acontecendo ao seu redor – neste caso, os contratados estão tão preocupados em satisfazer os clientes aborrecidos que chegam a perder o senso moral e dignidade. Acostumados com relações mecânicas, agem como se o doido no telefone fosse um desses fregueses enraivecidos.

NOTA DO CLUBE: 8/10.




A HISTÓRIA REAL

Louise Ogborn era uma jovem norte-americana de 18 anos que trabalhava num McDonald's no Kentucky, EUA. Em 2004, com apenas quatro meses de serviço, foi acusada de roubar a carteira de um cliente. A sua chefe, Donna Summers, tinha do outro lado da linha um homem que dizia ser um polícial denunciando o crime. Sob o seu comando, a gerente despiu a sua empregada, abusou e a humilhou . O ataque só chegou ao fim quando outro empregado exigiu que o superior do estabelecimento fosse contactado. Nesse momento, Donna Summers percebeu de que tinha sido vítima de um simples trote telefônico. Louise Ogborn ficou detida durante três horas.
Summers obrigou Louise a dançar nua com as mãos na cabeça, a saltar e a fazer flexões de joelhos. Seguindo as ordens do “polícial” Scott, Summers chamou depois o seu noivo, Walter Nix, de 42 anos, para continuar com o castigo. Ogborn foi obrigada a se sentar no seu colo, a ser espancada nas nádegas e finalmente a praticar sexo com ele.
Donna, Walter e Louise no tribunal
O casal foi levado ao tribunal. Nix foi condenado a cinco anos por abuso, enquanto Summers conseguiu um ano em liberdade condicional se levarmos em conta o fato da manager ter sido coagida a fazer o que fez.
Louise Obborn processou o McDonald's em 150 milhões de euros, mas acabou por aceitar mais tarde uma indemnização de cerca de 820 mil euros. Em juízo, a moça admitiu que não colocou um fim à tortura porque estava aterrorizada com a possibilidade de perder o emprego. Outro manager e dois empregados assistiram a tudo, mas não fizeram nada uma vez que acreditavam genuinamente que Summers estava apenas seguindo normas corretas.
(Fonte: Wikipédia.) 

Imagem real de Louise sendo revistada pelos próprios colegas

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